"O Papel da Repressão na Psicanálise: Entendendo os Mecanismos do Inconsciente"
- Ana Elisa Gonçalves Bortolin
- 26 de dez. de 2024
- 2 min de leitura
A frase retirada do texto "Sobre o mecanismo psíquico dos fenômenos histéricos" (1893), escrito em colaboração com Josef Breuer, diz: "Os atos de repressão não apagam nada no inconsciente; em vez disso, eles apenas exercem influência no modo como o conteúdo reprimido é manifestado." Essa afirmação resume um dos conceitos mais importantes da psicanálise: a repressão. Freud explica que os pensamentos, desejos ou emoções que reprimimos não desaparecem; eles permanecem armazenados no inconsciente e continuam a influenciar nossa vida de maneiras indiretas.
O que é repressão?
A repressão é um mecanismo de defesa do psiquismo, usado para afastar da consciência conteúdos que provocam desconforto, como sentimentos de culpa, angústia ou medo. Esses conteúdos reprimidos não ficam inativos. Pelo contrário, eles permanecem "vivos" no inconsciente e encontram formas alternativas de se manifestar, como em sonhos, atos falhos, lapsos de linguagem ou até mesmo sintomas físicos.
Como isso acontece?
Imagine uma criança que cresceu ouvindo que sentir ou demonstrar raiva é algo errado. Quando ela sente raiva, tenta reprimi-la, afastando-a da consciência. No entanto, essa emoção não desaparece. Ela pode surgir de outras formas: dores de estômago frequentes, irritação constante com situações triviais ou até explosões emocionais inesperadas. A raiva reprimida não é eliminada; apenas encontra um caminho diferente para se expressar.
Outro exemplo é o "ato falho". Imagine uma pessoa que, sem querer, chama o parceiro atual pelo nome do ex. Esse erro pode parecer um simples descuido, mas, segundo Freud, ele pode revelar que o inconsciente ainda está processando algo relacionado ao relacionamento anterior. Isso demonstra como o conteúdo reprimido interfere nas ações conscientes.
A relação com o inconsciente
Para Freud, o inconsciente funciona como um reservatório que guarda tudo aquilo que foi reprimido. Ele não é acessível diretamente pela consciência, mas seus conteúdos podem "escapar" por meio de sinais indiretos. Um exemplo disso é a forma como conteúdos reprimidos aparecem nos sonhos. Em A Interpretação dos Sonhos (1900), Freud explica que os sonhos são expressões do inconsciente, onde desejos reprimidos encontram uma forma simbólica de se manifestar.
Além disso, no texto Sobre o mecanismo psíquico dos fenômenos histéricos, Freud e Breuer observaram como pacientes com sintomas físicos, como paralisias ou dores, podiam estar expressando conflitos emocionais reprimidos. Esses sintomas não eram causados por problemas orgânicos, mas pela influência do inconsciente sobre o corpo.
Conclusão
A frase nos ensina que reprimir algo não resolve o conflito, mas apenas desvia a forma como ele se manifesta. Entender esse mecanismo é essencial para a psicanálise, pois o tratamento busca trazer esses conteúdos reprimidos à consciência, permitindo que a pessoa lide com eles de maneira mais saudável.
Referências
FREUD, Sigmund; BREUER, Josef. Sobre o mecanismo psíquico dos fenômenos histéricos. 1893.
FREUD, Sigmund. A Interpretação dos Sonhos. 1900.
LAPLANCHE, Jean; PONTALIS, Jean-Bertrand. Vocabulário da Psicanálise. 1967.
Comentarios